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O turismo e a diversidade afro cultural em Salvador

Publicado em: 16/11/2023
Por: Adilson Fonsêca
Atenção: Caso qualquer das fotos que ilustram essa matéria seja de sua autoria nos informe via WhatsApp (71) 9.9982-6764 para que possamos inserir o crédito ou retirar imediatamente.

Em uma cidade que é considerada a porção mais africana fora do continente africano, Salvador oferece opções para a realização do chamado turismo afrodescendente, com locais históricos que contam a história, desde a fundação da cidade e o período e4scravagista, às atividades contemporâneas, que reportam ao carnaval e às manifestações do sincretismo religioso.

Os ícones dessa miscigenação cultural estão presentes nas indumentárias do dia a dia de boa parte da população baiana, mas também no seu sincretismo religioso, onde símbolos da religião Católica se misturam, em perfeita harmonia, com os símbolos das religiões de matrizes africanas. E o palco dessa diversidade histórico-cultural é o Centro Histórico, entre o Carmo e o Terreiro de Jesus, passando, inevitavelmente, pelo Pelourinho. Ali estão a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a sede da Sociedade Protetora dos Desvalidos, a Casa de Angola e a Casa do Benin, cujos reflexos se espalham em atelieres, lojas de souvenirs que retratam, em objetos e fotografias, a ancestralidade étnica baiana herdada dos antigos escravos. Do período colonial brasileiro.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

O sincretismo religioso tem nessa igreja, de 1685, ao pé da Ladeira do Pelourinho, a sua mais expressiva manifestação. A igreja abriga em suas celebrações religiosas, tanto os elementos da fé católica como os das religiões de matrizes africanas, como a umbanda. Então é possível ouvir e assistir uma missa ao som de berimbaus e atabaques e estar lado a lado com uma devota católica rezando o terço, e uma típica baiana com seus trajes adornados com, conchas e patuás.

Preservando sua história ligada à diáspora negra, a liturgia dos cultos faz uso de músicas dos terreiros de Candomblé, ao som de atabaques. Nesta igreja, é celebrada toda terça-feira uma missa católica que incorporou alguns dos elementos da cultura africana, como as cantorias e danças.

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi fundada de 1685 e elevada à categoria de Ordem Terceira em 2 de julho de 1899. É uma associação religiosa, sem fins lucrativos, de pessoas católicas de ambos os sexos, de cor negra, de boa conduta e que praticam, como bons

A união dos ritos e práticas católicas a uma experiência sagrada africana. A organização de africanos em torno do culto e adoração à Nossa Senhora do Rosário, desde a sua elevação à categoria de Ordem Terceira, permitiu a incorporação da devoção a outros santos de tradição afro-católica. Entre eles: Santo Antônio de Categeró, Santa Ifigênia, Santo Elesbão, São Benedito, Santa Bárbara e até a escrava Anastácia, ainda sem reconhecimento na hierarquia católica, mas de forte valor para a religiosidade afro-brasileira.

Sociedade Protetora dos Desvalidos

Esta foi a primeira organização civil negra do Brasil, fundada em 16 de setembro de 1832, na época chamada de Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos. Foi criada com o objetivo de fazer uma junta de alforria dos negros escravizados e para prestar assistência aos sócios e seus familiares. A sede está instalada em um prédio no Largo Cruzeiro de São Francisco, em Salvador, desde 1887. Por lá, os visitantes podem ter acesso a livros, atas, retratos e outros registros do tempo da escravidão. A organização segue com atuação ativa, atualmente, em causas sociais.

Com o lema “Fraternidade e Caridade”, a SPD surgiu para ajudar a população negra durante a escravidão, mas também atuou no pós abolição, tentando prestar auxílio na doença e na fome. A Sociedade foi fundada pelo africano Manoel Victor Serra, que se reuniu com outros homens negros, entre marceneiros, carroceiros, carregadores de água e trabalhadores de ganho, para fazer uma assembleia na Capela dos Quinze Mistérios, no Santo Antônio Além do Carmo. A Sociedade Protetora dos Desvalidos destacou-se, dentre as irmandades negras da cidade de Salvador, por abrigar negros adeptos a outras religiões que não o catolicismo. Quando associados ficavam doentes, desempregados ou até quando familiares faleciam, a entidade estava presente para prestar apoio. A SPD possui uma casa de apoio a estudantes africanos e quilombolas, localizada na Ladeira do Pepino, n° 65, no Engenho Velho de Brotas, e um espaço de apoio ao empreendedor negro no Largo do São Francisco, n° 19, no Pelourinho.

Casa de Angola

O Centro Cultural Casa de Angola, na Baixa dos Sapateiros, é um daqueles lugares onde a história de Salvador pode ser contada. Dispõe de uma biblioteca e um museu com objetos históricos, com acesso livre para visitantes, tudo isso em um dos casarões coloniais, construído no século XVIII, funcionando desde novembro de 1999 com o objetivo de manter vivos e consolidar os laços culturais entre Brasil e o país africano.

A biblioteca do centro cultural tem cerca de 10 mil livros de literatura angolana, além de outros materiais acadêmicos e de cultura africana. Dois livros são mais procurados no local: A Renúncia Impossível e Sagrada Esperança, de Agostinho Neto. O autor foi presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola e, em 1975, tornou-se o primeiro presidente de Angola até 1979.

Em uma das salas principais da casa, você encontrará duas cadeiras. Chamadas de Ngundja, elas são tronos usados por autoridades tradicionais dos povos Tchokwe (Povo do Nordeste de Angola). A Casa de Angola é uma referência e uma das mais visitadas entre as três casas africanas da Bahia – além da Casa de Angola, há também a Casa do Benin, localizada no bairro de Santo Antônio, e a Casa da Nigéria, no Pelourinho.

 

Casa do Benin

Inaugurado em 1988, o espaço fica em um casarão n Baixa dos Sapateiros, defronte à sede do Corpo de Bombeiros. O Espaço Cultural possui importante acervo artístico e cultural afro-brasileiro e é mantido pela Fundação Gregório de Mattos para valorização das relações culturais afro-brasileiras
A Casa tem um acervo composto por cerca de 200 peças originárias do Golfo do Benin, colecionadas pelo fotógrafo francês Pierre Verger ao longo de suas viagens realizadas à África, para estudar os fluxos e refluxos entre África e Bahia. Também possui peças relacionadas à cultura afrodiaspórica, doadas por artistas e instituições. Outro fato interessante é que tecidos coloridos estão pendurados dando ainda mais vida ao local.

Casa da Nigéria
Localizada na Rua das Portas do Carmo, nº. 26 – Pelourinho, a Casa de três pavimentos está inserida na poligonal de tombamento federal do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e é patrimônio da Santa Casa de Misericórdia da Bahia. O sobrado antigo, construído no início do século XVII, foi construído originalmente em pedra e cal e alvenaria de tijolo maciço, com paredes externas dobradas e cobertura em telha cerâmica. Os pisos internos são em tabuado sobre estrutura de madeira.

O local, desde 2008, quando foi inaugurado, é mantida pelo seu respectivo governo da Nigéria, como forma de estreitamento cultural com o Brasil, Possui um amplo acervo de livros e objetos culturais desse país africano.

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